sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Por uma Literatura do afeto/ o percurso do jogo

Todo percurso Humano, ou talvez devesse dizer toda “travessia” Humana através do tempo, retomando a expressão de Guimarães Rosa, é no fundo uma busca de identidade. O homem, desde sempre, tentou, por meio de tantas linguagens, compreender-se, conceber o que seria para ele humanidade. E foi a partir do que se entendia ser humanidade em determinado contexto que se conferiu valor a tudo aquilo que ali se produzia, incluindo as manifestações artísticas. Nisto reside o principal valor de toda criação artística: expõe sempre uma visão do que seja o humano. A experiência estética, então, apresenta-se como um caminho de conhecimento pessoal e subjetivo ao mesmo tempo em que é também uma forma de construção do sentimento de coletividade, uma vez que esse sentimento de grupo se constrói a partir de uma forte identificação cultural. A Literatura, de um modo muito próprio, cumpre essas funções, pois, por trabalhar com o signo verbal, principal instrumento de comunicação humana, transita de forma especial entre as pessoas e entre outras formas de arte.

A palavra, literariamente trabalhada, é ainda aquela que serve a todos e não serve a ninguém. Aquela que, na dança dos sentidos, deixa-se levar por todo cavalheiro que a deseje, mas que nunca se entrega por inteiro, sendo sempre uma outra, diversa quando nas mãos de um novo parceiro. Sendo assim, a Literatura pode apresentar, a cada experiência de leitura, sempre um homem novo. De alguma forma, a Literatura trai o tempo e o homem, suspendendo as formas convencionais de relação entre estes, possibilitando uma visão constantemente renovada de humanidade.
De modo muito particular, é também através do texto literário que tomamos posse do que nos foi deixado por nossos antepassados: as experiências de milênios de humanidade acumuladas nas obras literárias. Ao ler um texto escrito há duzentos anos, por exemplo, o leitor soma a suas experiências de vida à riqueza da experiência acumulada pela humanidade ao longo do tempo. O texto traz sempre uma sabedoria sobre os homens que só é adquirida no ato solitário da leitura, quando tomamos posse de um segredo que sempre foi nosso, embora não soubéssemos disso.

Ler, além disso, é tomar parte em um jogo cuja regra principal é “desviar-se”; ou seja, nos movimentos de sentido de uma obra, ter uma atitude própria de quem se deixa seduzir pelas inúmeras possibilidades de leitura. Nunca chegar àquele lugar desejado, mas chegar sempre aonde existe uma grande surpresa, aonde persiste ainda a esperança do desejo. Ler é assumir a condição de ser-desejante, tomar consciência de que o real é sempre maior do que o que vejo, por isso sou inevitavelmente um ser limitado, mas que deseja sempre o ilimitado.

A prática da leitura é, portanto, um caminho singular de crescimento humano. Nesse sentido, a Sociedade como um todo e, particularmente, o professor de Português e Literatura tem a grande responsabilidade de favorecer o desenvolvimento dos jovens educandos, estimulando-os à prática de leitura do texto literário e, consequentemente, a um maior conhecimento de si e dos outros com quem se relacionam. Tal função, cujas dificuldades ficam evidentes, pois todo crescimento humano nunca é um ato simples, também é das mais nobres, já que compromete o professor com o bem comum. Um compromisso com o humano é o que deve orientar o trabalho do professor de Língua e Literatura.

A despeito disso, porém, há que se considerar também o fato de que o educando é um ser autônomo, com interesses e opções próprias e que, em nosso contexto, a leitura não tem sido foco de interesse da maioria das pessoas. Tal fato é a principal dificuldade enfrentada no trabalho com literatura, pois se não há interesse, não há a motivação e o engajamento imprescindíveis a um trabalho que demanda tão alto envolvimento da subjetividade do leitor. Este precisa, livremente, aceitar as regras do jogo, tomar parte no pacto sempre presente em todo ato de leitura do texto literário.

Luís Henrique da S. Novais

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Você sabe ler?

Olá pessoal! Aí segue o texto construído pela equipe de trabalho nº 3, composta por Talita, Branca, Amanda e Felipe. Leiam e postem comentários que alimentem a discussão sobre o tema.
Um abraço grande!



Será mesmo que sabemos ler devidamente? Que lemos o suficiente? Os brasileiros, hoje, possuem o hábito cômodo de ler o mínimo esperado. Em um ranking sobre leitura, entre 30 países, o Brasil ficou em 27º, perdendo para países como Argentina que tomou o posto de 18º. O modo como aprendemos a ler e como fazemos essa leitura são as características que mais afetam nossa interpretação, um exemplo comum na sociedade é que efetuamos uma leitura ascendente, que é a decodificação de uma série de símbolos escritos, ou seja, estamos analisando palavra por palavra para compreendermos o texto e é ai que estamos nos equivocando.
Antes de tudo vamos a uma pergunta, o que é leitura? Bom, muitas pessoas acham que isso se resume somente a pegar algo escrito e ler, como citamos acima, palavra por palavra, mas ler envolve vários fatores. Ler descreve-se como uma interação de indivíduos, ou seja, não é somente eu que estou lendo, há vários aspectos que me cercam no momento da leitura. Como o meio em que estou, a intenção do autor e com isso ele mesmo em pessoa, assim como o conhecimento de mundo do leitor que ajuda a decifrar palavras e conceitos pré-formados.
O ato de ler é mais que somente ler, é se envolver com o todo, e isso é chamado de leitura dinâmica. Quando envolvemos uma leitura ascendente com uma leitura descendente, que se define uma leitura que envolve o nosso conhecimento prévio desta palavra ou conceito, transformamos essa leitura em uma leitura interativa e dinâmica.
A solução para elevarmos esses índices é conscientizar nossos jovens e também adultos a uma leitura diária e dinâmica, pois o que iremos ler terá um objetivo, e cabe a nós mesmos alcançá-lo, e só assim saberemos se lemos ou somente passamos o olho no livro em que obtemos.